quinta-feira, 24 de junho de 2010

Glaciares da Suíça


O Glaciar Morteratsch (em romanche: Vadret da Morteratsch) é o glaciar com maior área do Maciço de Bernina nos Alpes Bündner na Suíça.
O Glaciar de Aletsch é o maior Glaciar dos Alpes tendo uma superfície de mais de 120 km² no Sul da Suíça. A sua descida rodeia o sul do Jungfrau entrando no vale do Rhône Superior. Na sua extremidade oriental, a 2350 m de altitude, situa-se um lago glaciar, o Lago Märjelen. A Oeste situa-se o Aletschhorn (4195 m), que foi escalado pela primeira vez em 1859. O Rio Ródano flui pela encosta sul destas montanhas.

Foto de Luciano

Poema do Amor Eterno
(Netto dos Reys, dedicado à Solange)
 
Quando eu já não existir,
Busca uma praia solitária.
Estarei no vento que vem do mar.
Quando eu já não existir,
Ouve na solidão das tuas noites
Melodias tristes e profundas.
Eu virei na música.
Serei o rubro do dia a morrer,
A chuva, molhando teus cabelos.
A brisa que te beija a boca.
Estarei no perfume das flores que
Tuas mãos toquem,
Nas estrelas que teus olhos busquem
Serei o fio do luar que te afaga.
Quando eu já não existir,
Descerei nas lágrimas dos fogos artificiais
Deslumbrando a noite.
Perder-me-ei em ti.
No gosto da champagne estarei
E nos beijos que te derem.
Quando eu já não existir,
Existirá ainda o meu amor.
Ardendo nas estrelas
Suspirando na aragem da madrugada,
Tremendo nas canções melancólicas.
Quando eu já não existir,
Fluirei, etéreo e enamorado,
Das coisas belas para ti...
 
(Publicado na revista da Escola Naval "A Galera", de 1959, pg. 22)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Suiça

Foto de Luciano
 
A Suíça é um país sem costa marítima cujo território é dividido geograficamente entre o Jura, o planalto suíço e os Alpes, somando uma área de 41.285 km². A população suíça é de aproximadamente 7,8 milhões de habitantes e concentra-se principalmente no planalto, onde estão localizadas as maiores cidades do país. Entre elas estão as duas cidades globais e centros económicos de Zurique e Genebra. A Suíça é um dos países mais ricos do mundo relativamente ao PIB per capita calculado em 43.196 de dólares americanos. Zurique e Genebra foram classificadas como as cidades com melhor qualidade de vida no mundo, estando em segundo e terceiro lugar respectivamente.
A Confederação Suíça tem uma longa história de neutralidade, não estando em estado de guerra internacionalmente desde 1815. O país é sede de muitas organizações internacionais como o Fórum Económico Mundial, a Cruz Vermelha, a Organização Mundial do Comércio e do segundo maior Escritório das Nações Unidas. A nível europeu, foi um dos fundadores da Associação Europeia de Comércio Livre e é parte integrante do Acordo de Schengen. Em termos desportivos, a UEFA tem o seu quartel-general naquele país.
A Suíça é constituída por quatro principais regiões linguísticas e culturais: Alemão, Francês, Italiano e Romanche. Por conseguinte, os suíços não formam uma nação no sentido de uma identidade comum étnica ou linguística. O forte sentimento de pertencer ao país é fundado sobre o histórico comum, valores compartilhados (federalismo, democracia direta e neutralidade) e pelo simbolismo Alpino. A criação da Confederação Suíça é tradicionalmente datada em 1 de Agosto de 1291.

 Foto de Luciano

Mil poemas de amor
 (by Caio Lucas)
Sonhei com mil poemas de amor,
dentre eles uma paixão,
fui à procura,
era alguém sozinho à minha espera,
andei por mil noites,
mil luas, mil cidades,
mas não a encontrei,
chorei por milhares de paixões
e não era você.

Visitei mil outros corações à sua procura,
andei por praias,
florestas, desertos,
sóis, luas e nada...
Ainda assim eram sonhos,
sonhos de amante.

Sorri, até descansei algumas vezes,
eram outros braços,
não era você,
as músicas não tinham romance,
os ritmos estavam desencontrados,
por nenhuma o coração batia forte. 
Um dia, caminhando sozinho, encontrei...
Bem, não fui eu quem viu primeiro,
fui encontrado,
ainda assim não acreditei,
deixei passar um tempo,
ainda estava machucado de outros amores,
o corpo cansado de tanto caminhar.

Escrevi um poema,
outro,
o coração estava alegre,
veio um beijo na mão espalmada,
os olhos, os corpos se encontraram,
um rosto limpo e em paz;
sem notar, a paixão tomou conta. 
Cada dia era um poema,
uma canção, um beijo,
os caminhos eram diferentes, mas iguais,
éramos o que procurávamos,
demos as mãos, as vidas,
juntamos a paixão,
numa manhã qualquer fizemos amor,
selamos com gozo nossos corpos,
deixamos o prazer tomar conta,
até que virou amor.

Escrevi mil poemas,
te amei mil noites,
chorei algumas vezes de saudades,
outras mil vezes sorrimos,
fizemos planos, sonhamos,
deixo agora a vida contar nossa história. 
Caminhando juntos, lado a lado,
conseguimos juntar paixão e amor,
aquecemos nossos corpos com vontades,
cuidamos de cada pedaço da paixão,
colamos nossos cacos,
dividimos os carinhos em um,
na verdade somamos em milhares,
multiplicamos e o resultado é amor,
nosso, único...
Ainda que tarde é começo, é fim, é eterno. 
Algum dia alguém vai ler minhas letras,
todas falam de paixão, uma a uma,
vão dizer dos mil poemas que fiz pra você,
os que falam da procura,
das dores, das alegrias,
se alguém um dia sonhar como nós,
então lembrará dos poemas,
nossos escritos de amor.

Hoje te entrego mil folhas,
mil juras,
mil beijos,
mil sonhos,
mil escritos de amor,
mil vezes que sonhamos,
mil vezes que disse: "te  amo".

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Tordesilhas


Foto de Luciano
Tordesilhas (em castelhano Tordesillas) é um município da Espanha na província de Valladolid, comunidade autónoma de Castela e Leão, de área 141,95 km² com população de 8708 habitantes (2007) e densidade populacional de 57,89 hab/km².
É célebre por ter sido o local onde em 1494 foi assinado entre o reino de Portugal e o recém-formado reino de Espanha o Tratado de Tordesilhas que estabelecia a divisão das terras futuramente descobertas entre as duas nações.

 Foto de Luciano
" Um Soneto de Amor, Espanhol "
        
              Traduzir é fácil? É difícil? Eis uma experiência nova, a que me submeti, quando resolvi organizar os volumes II e III da antologia “Os Mais Belos Sonetos Que o Amor Inspirou ”,  constituídos  por  sonetos  de  poetas  de   todo  o  mundo, transladados para o português.           A tentativa transformou-se numa aventura empolgante, num desafio, atraente como um novo amor.        E o resultado é que traduzi  mais  de   cem  sonetos,  e  com  a  equipe que me ajudou, acabamos por proporcionar aos leitores brasileiros, a maior mostra de poesia latino-americana
já vertida para o nosso idioma.
    Encontro-me, pois em condições de tentar uma resposta àquelas perguntas: às vezes, é fácil, os versos parecem que já estão prontos, inteiros, é só ir ajeitando as palavras  correspondentes,  como  um  delicado   jogo  de  paciência.      Neste caso incluímos   alguns  trabalhos  de  poetas  espanhóis,  franceses   ou  italianos,  cujas línguas, neo-latinas, são irmãs da nossa.
        Mas, (e isto é o mais comum), as dificuldades são quase intransponíveis. Basta
às vezes uma pequenina “pedra no caminho” para que não se possa seguir adiante. O  detalhe , aparentemente  insignificante,   permanece  irredutível,  e inutilmente tentamos contorna-los por mil atalhos diferente.     Em vão.
           Redunda inútil o nosso esforço. E vamos chegar à conclusão de que, ou nos despojamos  de  alguns   apetrechos  clássicos, formais, (as rimas, a métrica, a fiel reprodução de cada figura de linguagem), ou não conseguiremos atingir o objetivo. Tive um exemplo do que afirmo, quando  traduzi o belo soneto,  claro todo ele, em sua construção   léxica  e  lírica:  Anhélos,  do  moderno   poeta espanhol Francisco Rodrigues Marin.
    O “nó Gordio” estava em seus dois primeiros versos, tão fáceis, tão simples na aparência:

                                   “Agua quisiera ser, luz e alma mia,
                                que com su transparencia te brindara”.

    Mantendo as rimas, teria em português inha e não ia, do espanhol. E agravando o caso, o  célebre  cacófato  camoniano,  perdoável   no  genial  português,  em sua linguagem quinhentista, mas imperdoável hoje:

                                 “Água eu quisera ser, luz e alma minha”.

            As rimas são “pequenos déspotas” que nos impõe suas idéias, e nos obrigam muitas vezes  a   enveredar  por  caminhos imprevisíveis.   É bem verdade, que nos levam, também,  a  surpresas  agradáveis,  em  nossa   criação.    Mas, de qualquer forma,  desvirtuam  a   idéia matriz, e quando nos damos conta, encontramo-nos em roteiro   inteiramente  diverso  do  que  programáramos.      Os poetas, inadvertidos Argonautas,  se  deixam   arrastar por seus cantos de  sereia. Nós que convivemos com elas, que as conhecemos de longa data, percebemos suas ciladas, embora nem sempre possamos nos livrar delas.
    Pela simples observação das rimas de um poema, de suas   correspondências em nosso idioma, concluímos logo se deveremos mantê-las ou não. Nas tentativas que fizemos para traduzir o soneto de Rodriguez Marin, se nos mantínhamos presos às rimas, e à fidelidade das palavras,  nada   conseguíamos.    Optamos então por uma libertação de certos detalhes, para  nos  fixarmos  apenas  na  concepção   geral da obra. E acabamos por vencer a “ batalha ” com uma adaptação.    O importante, no original, é a idéia que serviu de tema à inspiração.     Baseou-se o poeta na velha e primitiva teoria dos filósofos gregos que o Universo é formado de quatro elementos  água, ar, fogo e terra. Partindo daí, e apropriando-se da idéia, conscientemente ou não, transfigurou-a   pelo  sentimento,  transformando-a  de  filosofia em poesia, de concepção filosófica numa das mais lindas declarações de amor que já li.
    Eis o original, em espanhol:

ANHELOS

Agua quisiera ser, luz y alma mia,
que com su transparencia te brindara;
porque tu dulce boca me gustara,
no apagara tu sed, la encenderia.


Viento quisiera ser: em noche umbria
callado hasta tu lecho penetrara
y aspirar por tus labios me dejara,
y mi vida en la tuya fundiria.


Fuego quisiera ser para abrasar-te
en un volcán de amor, ah! estatua inerte,
sorda a las quejas de quien supo amar-te!


Y después, para siempre poseerte,
tierra quisiera ser, y disputarte
celoso a la codicia de la muerte.

E agora a nossa adaptação:

ANSEIOS

Água eu quisera ser, pela alegria
de te dar a beber meu próprio ser;
por tua sede, que eu não mataria,
para molhar teus lábios por prazer.


Vento eu quisera ser, e à noite, iria
adormecida, te surpreender
ressonando em teu leito, e então seria
o ar que precisas pra poder viver!


Fogo eu quisera ser, e em rubras chamas
num delírio de amor, toda abrasar-te,
para ter a certeza de que me amas.


Depois, para possuir-te, de verdade,
terra eu quisera ser! E disputar-te
ciumento, à morte, pela eternidade!


     O leitor mais atento verificará que consegui manter a idéia, a sonoridade de algumas  rimas,  um  certo  ritmo  peculiar,   do  original.     Mas não pude evitar, estimulado pela emoção, que acabasse por participar do poema, integrando-me a ele, e até recriando poesia em algumas passagens. Toda tradução, não deixa de ser, de certa maneira, uma recriação literária.                                                       
    Para o leitor poder comprovar a pertinácia com que me empenhei no trabalho de tradutor, vou citar uma outra tentativa. Aquela em que procurei ater-me ao léxico espanhol, tanto  quanto  possível,  e  reproduzir, com   o  máximo  de fidelidade, as expressões de cada verso.      Abri mão das rimas, - esses dourados e sonoros grilhões medievais - e deixo aos leitores o confronto das duas peças, esta em versos brancos:                                                                                                   

ANSEIOS

Água quisera ser, luz da minha alma,
e com sua pureza te brindar;
e porque tua boca me provara
não mataria a sede, aumentaria.


Vento quisera ser; em noite fria
chegaria a teu leito, silencioso,
deixar-me-ia aspirar por tua boca,
e minha vida à tua fundiria.


Fogo quisera ser para abrasar-te
em um vulcão de amor! Ah, estátua inerte
surda a estas queixas de quem soube amar-te!


E depois, para sempre possuir-te
Terra eu quisera ser, e disputar-te
amoroso, à cobiça vã da morte!

    Qual das duas formas escolheria?
       
( Crônicas  de JG de Araujo Jorge extraído do livro
" No Mundo da Poesia " Edição do Autor -1969
)